A criação do logo Gerar Vida
Fui recentemente contatada para criar um logo para um novo serviço de reprodução humana assistida. O cliente não tinha outras informações além do nome escolhido para a empresa – “Gerar Vida” – e que o serviço seria dirigido a um público B e C, com consultório na Barra da Tijuca, região oeste do Rio de Janeiro.
Fiquei dias ruminando o nome e imaginando as suas associações espontâneas. O que pensamos ao ouvir as palavras Gerar Vida? Pela minha cabeça passaram imagens de grávidas, bebês, plantinhas, frutas, sementes…
Numa abordagem mais estrita, o momento da geração de vida é, obviamente, o do encontro do espermatozoide e do óvulo. Simbolicamente, na imaginação da gente, a terra, a chuva e o sol também estão associados ao evento.
Procurei no Google imagens – um truque que uso para saber como uma palavra ou expressão é compreendida pelas pessoas em geral. Recebi, mais uma vez, um monte de grávidas, bebês e plantinhas.
Ok. Então, para não ficar no lugar comum, essas seriam as imagens a evitar.
Desde o inicio decidi que usaria uma tipografia arredondada, com poucas arestas, para transmitir uma ideia de suavidade.
Passei à fase dos rabiscos. Ao contrário de outros criadores, prefiro fazer meus rafes direto no computador. Frequentemente, uma tipografia leva a uma ideia. Se necessário, passo da máquina ao papel, e vice-versa.
A primeira coisa que notei foi que, em algumas famílias tipográficas, o “g” em caixa baixa bem poderia ser um espermatozoide penetrando o óvulo. Tentei trabalhar com essa ideia:
Aliás, o G é uma letra bem versátil. Dela saiu também um carrinho de bebê…
E o próprio bebê:
A essa altura, eu tinha três boas ideias, mas nenhuma delas era realmente forte. Foi quando notei a semelhança entre o sol e o momento da concepção:
Essa associação levou à marca que eu sabia seria a escolhida. Num primeiro layout o sol era mais óbvio:
Em sua forma final, alonguei e multipliquei os raios/espermatozoides, tornando a ideia da concepção mais evidente do que a do sol. Mas continuam ambas lá e a imagem tem uma dupla leitura. Trabalhei com cores quentes para reforçar essas associações. Na papelaria procurei dar destaque ao ícone, mas o cliente preferiu uma abordagem mais conservadora.